segunda-feira, 6 de junho de 2011

Inclusão - Novos rumos do Preamar

O Projeto Preamar Teatral irá atender crianças com deficência atendidas pela UTEES (Unidade Técnica de Ensino Especial) em Icoaraci. Para tanto os profissionais envolvidos estão passando por uma capacitação sobre educação inclusiva. Em breve postaremos fotos e impressões das oficinas.




Academia Amazônia visita Projeto Preamar Teatral

A Academia Amazônia, órgão da Universidade Federal do Pará responsável pelo programa Minuto da Universidade, esteve na Casa Acolher, espaço que trata vítimas de escalpelamento e que é atendido pelo projeto, gravando matéria sobre a oficina de maquiagem.







segunda-feira, 23 de maio de 2011

Visita a Ilha de Jenipaúba

Sexta passada o projeto visitou a ilha de Jenipaúba, no município de Acará - PA.
Fotos: Carlos Vera Cruz


























terça-feira, 3 de maio de 2011

Projeto muda vidas por meio da linguagem teatral

Matéria publicada no jornal Beira Rio, periódico da Universidade Federal do Pará.


Corpo, voz e emoção. Com essa matéria-prima a professora da Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA), Inês Antonia Ribeiro, e a equipe do Projeto “Preamar Teatral: arte, formação e cidadania nas escolas públicas das ilhas de Belém”, têm transformado as rotinas dos estudantes e professores das Ilhas de Belém. Por meio de  técnicas como contação de histórias, jogos teatrais e improvisação, o Projeto de Extensão do Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará (ICA/UFPA) tem levado, desde janeiro deste ano, oficinas teatrais às ilhas do  Combu e Caratateua. Atuando em um eixo paralelo, o Preamar Teatral também estende suas atividades ao Espaço Acolher da Santa Casa, que lida com vítimas de escalpelamento. 
Nas escolas ribeirinhas, durante a intervenção do Preamar, as salas de aula se convertem em laboratórios de vivência. O cenário é a vasta vegetação e o rio ao longe, o roteiro é criado de forma colaborativa pelas crianças e adolescentes, os atores e a platéia se confundem. No que se refere à produção e à criação de textos teatrais, as experiências diretas das crianças é que contam.“Não trazemos nada pronto. Tudo é construído e repassado com base no que os alunos vão contando e demandando na hora”, explica a professora Inês Ribeiro, coordenadora do Preamar.
Os alunos e educadores da Unidade Pedagógica da Ilha do Combu, a apenas 20 minutos de barco de Belém, estão entre os contemplados pelo Preamar. Nessa escola, a Equipe do Projeto utiliza o teatro como ferramenta didático-pedagógica repassando, de modo lúdico e interativo, noções de cidadania, meio ambiente e organização do corpo no espaço.  A professora Inês Ribeiro identifica, por exemplo, que as crianças de seis e sete anos têm problemas com relação à lateralidade, com dificuldades na percepção entre direita e esquerda. Dessa forma, ela inclui em sua dinâmica uma canção sobre uma antiga lenda indígena. “Pela música, pela dança, elas aprendem sem saber que estão sendo ensinadas”, diz a professora, que ressalta os resultados positivos alcançados pelas técnicas teatrais quando introduzidas nas aulas, uma vez que é por meio da experiência de atuação direta com o corpo que o aluno-ator aprende a se reconhecer.
Outro ponto trabalhado é a valorização da cultura ribeirinha. Na semana do Folclore, por exemplo, as lendas foram contadas e dramatizadas pelos alunos. A professora conduz, mas não induz as crianças. A imaginação delas remete a histórias riquíssimas em detalhes, sempre resgatando o imaginário caboclo.  As crianças se empolgam e a história vai sendo construída. Todos têm um tio, uma prima, um vizinho que já foi engolido pela “Cobra grande”, ou assombrado pela “Matinta Pereira” ou que já tenha levado uma lição do “Curupira”
Concomitantemente à ação com os estudantes, a equipe do Preamar Teatral -  composta pela pesquisadora da ETDUFPA, por quatro estagiários e pelos professores colaboradores Paulo Santana e Walter Chile - vai interagindo com os educadores locais. Bastante receptivos, os professores da educação infantil e do ensino fundamental anotam tudo o que está acontecendo, recebem orientações dos técnicos do Projeto e repassam seus conhecimentos acerca da realidade das ilhas. Além das oficinas práticas, os educadores recebem aporte teórico para que possam desenvolver suas próprias dinâmicas.
Para a professora Inês Ribeiro, a articulação entre a Escola de Teatro e Dança e as escolas públicas das ilhas de Belém, mediada pelo fazer teatral, possibilita a formação continuada de professores, contribuindo para a ampliação da sensibilidade e para novos caminhos. O objetivo é potencializar as concepções pedagógicas dos educadores, no que se refere aos usos da linguagem teatral, e fazer com que eles se tornem multiplicadores do Projeto.   
Desafios – São grandes os desafios encontrados. O desinteresse e a tendência à dispersão dos alunos das escolas assistidas são apontados pelos integrantes do Projeto como alguns dos principais problemas a serem superados. Segundo o estudante de Pedagogia e bolsista do Preamar, Breno Monteiro,  as ações desenvolvidas por meio das técnicas teatrais vêm justamente para amenizar aspectos problemáticos. Para o estagiário, à medida que as intervenções aumentam, há um progresso quanto à concentração e à socialização dos alunos.
É o que atesta Fátima Nogueira Dias, professora do ensino fundamental da Unidade Pedagógica do Combu. Para ela, o Preamar já tem gerado resultados visíveis. “As ações do Projeto em nossa escola têm aumentado o interesse por parte dos alunos em sala se aula. Tenho uma aluna, por exemplo, que sempre foi inquieta e dispersa. Desde que o Teatro entrou em nossa rotina, descobri algo fantástico. A menina se volta completamente às atividades, se envolve e participa. Isso tem se refletido em seu desempenho em todas as áreas”, destaca a educadora.
Como estão entre os objetivos do projeto a promoção de mostras teatrais nas escolas envolvidas e a visita a espetáculos em Belém, os laboratórios de vivência têm atuado também na formação de plateias. Nessa atividade, os alunos-atores têm a oportunidade de descobrir um papel social e individual que precisa ser desenvolvido.
Esta ação gera uma fonte inesgotável de cultura e reflexão, favorecendo uma atuação mais consciente no mundo e despertando o aluno para o mundo das artes cênicas.
“Consideramos esta primeira edição do Projeto uma iniciativa piloto e projetamos novos caminhos a partir dessa experiência. Queremos aumentar a participação dos familiares, promover exposições sobre artes cênicas nas escolas e, futuramente, adquirir o Barco Preamar Teatral, que seria uma versão flutuante do Projeto”, diz a coordenadora.
O Projeto Preamar almeja, também, contribuir para a saúde e a geração de renda dos moradores das ilhas. Uma das idéias que têm sido projetadas é a introdução da alimentação alternativa na rotina dos comunitários. Seriam ofertadas oficinas para potencializar o aproveitamento dos nutrientes procedentes das cascas, raízes, sementes e polpas. A construção de uma padaria comunitária gerida pelas mulheres das comunidades ribeirinhas para solucionar a falta de atividade produtiva das mães dos alunos assistidos é outro plano que está sendo estudado junto com o professor Walter Chile (é uma proposta dele a partir da primeira visita do PREAMAR  na ilha do Combú e de uma conversa que ele teve com a comunidade e a coordenadora Vânia Lemos). Para o professor Walter Chile, colaborador do Preamar, a implementação de uma padaria comunitária pode garantir sustento, agregar os comunitários e preencher uma lacuna na alimentação da comunidade. Os pesquisadores lembram que a escassez de uma alimentação saudável tem dado espaço aos alimentos industrializados gerando problemas de origem gastrointestinal, bastante relatados pelos comunitários.
Pelos êxitos obtidos até agora e pela vontade de toda equipe, não restam dúvidas de que tais planos sejam concretizados. 
Do trauma ao bom humor: resgatando a auto-estima – De forma um tanto fortuita, o Projeto Preamar incluiu um novo eixo de ação: oferecer práticas pedagógicas teatrais, especialmente oficinas de clown (palhaço), às vítimas de escalpelamento atendidas pelo Espaço Acolher, da Santa Casa de Misericórdia do Pará. Na Amazônia, onde a população ribeirinha utiliza embarcações como transporte diário, o escalpelamento causado por acidentes com motores de barco é ainda comum. Quando o cabelo da vítima é enrolado pelo eixo do motor, o couro cabeludo é arrancado bruscamente. As principais vítimas são meninas e mulheres que costumam usar cabelos compridos.
A parceria com o Espaço Acolher iniciou em maio de 2010. “Estava na Escola de Teatro quando chegaram alguns estudantes do curso de Farmácia da UFPA querendo orientação para o Seminário sobre Escalpelamento promovido por uma disciplina do curso. Esses alunos queriam falar sobre o escalpelamento por meio da linguagem teatral. Orientei-os a usar o teatro de sombra com depoimentos de uma das meninas das ilhas vítimas do acidente”, conta Inês Ribeiro que, quando criança, sofreu escalpelamento, A partir deste encontro, ela começou a atentar para o fato de que as meninas acidentadas são das ilhas e que uma parceria com o Espaço Acolher seria algo interessante. 
Além de fornecer subsídios metodológicos aos futuros farmacêuticos, a professora foi convidada para participar da abertura do Seminário, relatando desde o escalpelamento que sofreu por acidente com banha quente aos dois anos de idade, até a superação pelo esporte (a professora foi atleta da seleção brasileira de atletismo e, segundo ela, o esporte a ajudou no resgate de sua auto-estima). “Hoje, sou uma mulher que superou os traumas, assumiu uma função profissional e vive com muito bom humor”. Com base em sua experiência de vida e em sua trajetória profissional, a pesquisadora decidiu ajudar outras vítimas a superarem suas angústias e estabeleceu os primeiros encontros para firmar a parceria entre Espaço Acolher e Projeto Preamar.
A primeira atividade do Preamar no Espaço foi uma visita informal no dia da Festa de São João, quando alguns alunos do Curso Técnico de Ator da ETDUFPA foram apresentar uma performance, resultado da disciplina Clown, ministrada pelo professor Beto Benone. No mesmo mês de junho as meninas foram até a Escola de Teatro e Dança conhecer o espaço e participar da Ciranda Junina.
Desde então, o Projeto vem ampliando a inserção das meninas na cena teatral de Belém. Para isso, o Preamar Teatral sugeriu ao Espaço uma agenda cultural dos espaços teatrais da cidade com vistas a estimular a ida das meninas aos teatros da cidade. A primeira atividade agendada foi uma visita ao Teatro Cláudio Barradas, teatro experimental do ICA, onde elas assistiram ao espetáculo do “Dons de Quixote”, realizado pelo Grupo de Teatro Universitário da ETDUFPA.

A agenda cultural vem a reforçar as ações já realizadas durante o tratamento no Espaço Acolher. Quando as meninas vêm a Belém fazer tratamento, passam a desenvolver suas atividades escolares nas escolas públicas de Belém para não perderem o ano letivo. Elas são acompanhadas durante esse período e são capacitadas em oficinas de produção de perucas, pulseiras e outras. A assistente social organiza uma agenda com passeios, ida ao cinema, parques e, a partir de agora, os teatros passam a integrar o roteiro.
A primeira oficina de Clown será ministrada a partir de setembro. Segundo a professora Inês Ribeiro, a ação busca trabalhar a autoestima das vítimas e ajudá-las a superar os sofrimentos gerados pelo traumático acidente. A consciência corporal, a relação com o outro, o trânsito entre o cômico e o sensível. Esses são alguns dos tópicos abordados durante as oficinas. Pela sua concepção, o mais importante não é formar comediantes, mas sim ajudar as alunas a se desprenderem de estereótipos, em busca de se afirmarem como cidadãs e sujeitas de sua própria história.
Para a equipe do Projeto Preamar, o primeiro objetivo é gerar transformações individuais, mas a coordenadora explica que as oficinas podem ter um desdobramento ainda maior. “Temos a intenção de que essas meninas possam ser capacitadas a transformarem a vida de outras vítimas. Após as oficinas, elas estariam aptas a intervirem nas unidades de tratamento de pessoas escalpeladas, levando alegria e esperança”, explica a professora.
“Precisamos ter pernas e mais colaboradores porque o Preamar Teatral é Preamar mesmo. Ta cheio!!!!”, brinca a coordenadora em uma alusão ao nome do Projeto, que remete à maré-cheia, quando a maré atinge seu nível máximo.
O escalpelamento na Amazônia (Box)
O escalpelamento é considerado uma tragédia amazônica em especial no Pará, onde ocorre 90% dos casos. O acidente pode ser evitado com apenas 25 reais, que é o valor, em média, da carenagem metálica, ou seja, o protetor do eixo dos motores dos barcos.  Apesar do valor irrisório, o escalpelamento continua sendo comum na região amazônica, com uma média de um caso por mês.

O tratamento das vítimas é longo, doloroso, não recupera os cabelos e nem as lesões decorrentes do arrancamento de orelhas e pálpebras. Em Belém, o socorro é realizado no primeiro momento, no Pronto Socorro Municipal e posteriormente na Santa Casa de Misericórdia do Pará, onde as vítimas, em sua maioria meninas e mulheres, precisam passar por várias intervenções cirúrgicas, acompanhamento ambulatorial com cirurgião plástico e outros profissionais da instituição.


terça-feira, 19 de abril de 2011

PREAMAR TEATRAL: arte, formação e cidadania nas escolas públicas das ilhas de Belém

O que é o Projeto Preamar Teatral?


O Projeto Preamar Teatral é um projeto de extensão da Universidade Federal do Pará - UFPa, que desenvolve ações para o ensino de metodologias teatrais nas escolas ribeirinhas do município de Belém visando potencializar as concepções pedagógicas dos professores  a partir da linguagem teatral.

A articulação entre Escola de Teatro e Dança da UFPA e escolas públicas das ilhas de Belém , mediada pelo fazer teatral, potencializa a formação continuada de professores e contribui para a tomada de consciência de desejos, valores, inspirações, e ampliação de sensibilidade, preparando os sujeitos envolvidos para as escolhas no caminho da cidadania e da humanização.

Nas ações do PREAMAR TEATRAL são utilizadas técnicas como contação de histórias, jogos teatrais e improvisação. As oficinas vem sendo realizadas desde janeiro de 2010 nas ilhas do  Combu e Caratateua. Atuando em um eixo paralelo, o Premar Teatral também estende suas atividades ao Espaço Acolher da Santa Casa, que atende vítimas de escalpelamento.  As salas de aula se convertem em laboratórios de vivência. O cenário é a vasta vegetação e o rio ao longe, o roteiro é criado de forma colaborativa pelas crianças e adolescentes, os atores e a platéia se confundem. A produção e a criação de textos teatrais revela as experiências diretas das crianças. “Não trazemos nada pronto. Tudo é construído e repassado com base no que os alunos vão contando e demandando na hora”  O objetivo é potencializar as concepções pedagógicas dos educadores, no que se refere aos usos da linguagem teatral, e fazer com que eles se tornem multiplicadores do Projeto.    O desinteresse e a tendência à dispersão dos alunos são apontados como os maiores desafios a serem superados. As técnicas teatrais vêm justamente para amenizar aspectos problemáticos. À medida que as intervenções aumentam, há um progresso quanto à concentração e à socialização dos alunos. Oficinas para potencializar o aproveitamento dos nutrientes procedentes das cascas, raízes, sementes e polpas. Construção de uma padaria comunitária gerida pelas mulheres das comunidades ribeirinhas. A parceria com o Espaço Acolher iniciou em maio de 2010.  São oferecer práticas pedagógicas teatrais, especialmente oficinas de maquiagem, às vítimas de escalpelamento atendidas pelo Espaço Acolher, da Santa Casa de Misericórdia do Pará. A consciência corporal, a relação com o outro e o seu próprio corpo. Esses são alguns dos tópicos abordados durante as oficinas. Pela sua concepção, o mais importante é ajudar as alunas a se desprenderem de estereótipos, em busca de se afirmarem como cidadãs e sujeitas de sua própria história.


Eixos do projeto:

Eixo 1- O ensino de metodologias teatrais nas escolas ribeirinhas do município de Belém, no sentido de potencializar as concepções pedagógicas dos professores e no que se refere a atividades com a linguagem teatral. Considerar-se-á o docente como professor-artista enfatizando em sua prática pedagógica uma nova consciência do ensino do teatro nas escolas de modo que venha a favorecer o desenvolvimento artístico e intelectual dos proponentes envolvidos nas atividades. Acreditamos que a articulação Escola de Teatro e Dança e escolas públicas das ilhas de Belém do Pará, mediada pelo fazer teatral, potencializa a formação continuada de professores e contribui para a tomada de consciência de desejos, valores, inspirações, a ampliação da sensibilidade, preparando os sujeitos envolvidos para as escolhas no caminho da cidadania e da hominização.

Eixo 2-Preocupados com a democratização do conhecimento do teatro e pautados no compromisso de ampliar o acesso da população ribeirinha infanto-juvenil aos domínios estéticos e artísticos, por meio de uma ação prática educativa teatral, o EIXO 2 deste projeto tem como intenção metodológica o desenvolvimento de oficinas de teatro infanto-juvenil para crianças de 7 a 12 anos e adolescentes de 13 a 14 anos de idade.


Ao longo de um ano de existência, o projeto promoveu a relação da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará com escolas públicas da comunidade das ilhas de Belém através do tripé ensino na graduação, pesquisa e extensão universitária.

Desenvolveu oficinas de teatro voltados para a demanda de professores e alunos da educação infantil e ensino fundamental das ilhas do Combu e Caratateua do Município de Belém;

Promoveu mostras teatrais nas Unidades Pedagógicas do Combú com a inclusão de conteúdos referentes ao meio-ambiente e ao folclore brasileiro.